Hoje estou danado...
Recebemos há dias um email de um Amigo, o bom Amigo Diamantino, que tendo vivido em de Castanheira de Pera desde a sua meninice, a sua vida profissional levou-o até outros locais.
Dele transcreve-mos na integra o email enviado, cujo assunto sobre o Poço Zé Veras, poderá não ser do agrado de muitos, tal como refere no email enviado:
"Hoje estou danado...
Que me desculpe o meu grande amigo Filipe Lopo, de utilizar uma frase de sua autoria, mas estou verdadeiramente danado.
Gosto da Castanheira como se fosse a minha terra de nascença, ninguém pode negar a minha entrega, dedicação, empenho, nas diversas actividades onde estive inserido, sempre dei o meu máximo durante quase vinte anos que vivi nessa localidade.
Hoje por motivos simplesmente laborais, não vou tão assiduamente à Castanheira como era a minha vontade.
Lá virá o dia em que em gozo da minha reforma, poderei, quem sabe; regressar de vez para terminar um sonho algum tempo idealizado.
E estranho de quando em vez ao regressarmos, ás “nossas origens “ nos invade aquela sensação do passado.
Fico triste quando tenho conhecimento de que pessoas que me foram queridas, já não se encontram entre nós.
Algumas vezes instala-se em nós aquela revolta, não somos capazes de compreender o porquê de certas coisas acontecerem, a vida está cheia de surpresas e quanto menos se espera, recebemos aquela triste noticia e instala-se em nós o vazio, a indignação “ aquele porquê grande absoluto.”....
Bem mas eu estou danado, também por isso, mas principalmente por uma situação que me deparei, num fim-de-semana que estive em Castanheira, mais propriamente nos Moredos.
Moredos para quem não sabe é aquela pequena povoação a norte da Castanheira. Sim aquela que fica a cerca de mil metros da bonita Praia das Rocas.
Aquela que tem agora a nova rotunda do Safrujo, (já era tempo).....
Mas o que vou relatar, talvez não seja exposto porque vai com certeza incomodar.
Ora lá vai um pouquinho de história...
A Ribeira de Pera, também passa no lugar dos Moredos, e perdoe-me por não colocar por palavras minhas o encanto a beleza a formosura dessa ribeira, pois alguém já escreveu essa beleza, e eu vou utilizar essas palavras como fossem minhas.....
“Num vale onde reina o verde, a Ribeira de Pêra percorre turbilhante o seu caminho, despenhando-se abruptamente de açude em açude, de cascata em cascata, numa mescla de tons verde água e de sons vários, num cenário naturalmente inexplorado.”
“As piscinas e os carreteiros que ligam a serra à ribeira proporcionam aos visitantes uma multiplicidade de prazeres que se desdobram em actividades que vão desde a aventura ao simples desfrutar relaxante da natureza.”
Eu diria que poesia, que encanto.
“ despenhando-se abruptamente de açude em açude “
Quem e que nos tempos da sua infância não tomou banho nesses açudes, apesar da descargas das fábricas com tintos e do pessoal mudar de cor de minuto em minuto, era tudo uma verdadeira festa, o pessoal queria era abafar o calor dos tórridos verões.
Lembro-me do Poço do Carvalhas, do agora bem preservado Poço Corga, do já extinto Poço Borralheiro (ou designado poço das calhandras) e de tantos outros.....
Até que chega ao açude do conhecido pelo poço “ Zé ou Manel Veras “.
Nunca compreendi o nome dado a esse poço, mas mistérios à parte, vi e entristeceu-me, o cenário desolador, daquele velhinho poço.
Foi completamente esquecido e abandonado, o mato impera nas suas margens e não está pior graças à teimosia de alguns utilizadores.
Não esqueço a frase “ proporcionam aos visitantes uma multiplicidade de prazer “
E termos de facilitar, o caminho que leva ao poço, até não está muito mau, para veículos 4x4. Ou simplesmente podemos ir a pé, afinal o poço dista de cerca de 100 metros até a estrada principal, não fossem alguns silvedos e ervas que crescem naturalmente, e algum desnivelamento tendencioso do acesso.
Em termos de variedade, temos muita, ervas silvas, mais ervas, mais silvas, são tantas que até o antigo moinho sucumbiu por entre a vegetação.
E depois aquela ultima frase “ simplesmente desfrutar relaxante da natureza”
É certo que é natureza, é certo que tem que ser preservada mas assim tanto não acho que seja normal.
Não se poderiam tirar umas silvas (As amoras-silvestres são o fruto (pseudobaga) de arbustos (amoreira-silvestre) do género Rubus, vulgarmente designados como silvas, da família das rosáceas ), e limpar o terreno (não sei a quem pertence) para arranjar um espaço para o pessoal poder então desfrutar da relaxante natureza..
Perdoem-me se esta minha “danação “ ferir susceptibilidades de alguém, mas esqueçam neste verão um pouco a Praia das Rocas, o Poço Corga, e venham dar um mergulho ao Poço Zé ou Manel Veras.
A já me esquecia, tragam galochas e uma catana para desbravar o mato.
Pois é, aqui está o porquê de eu estar danado".
(Bom amigo Diamantino: - Como tens visto não tenho actualizado o Blog. Mas o assunto por ti enviado é pertinente... e de facto está na hora de alguém verificar esse belo local que tão boas e fabulosas recordações nos trazem. Um abraço Amigo, do Filipe Lopo)